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UMA SAÍDA ATABALHOADA E UMA POTÊNCIA ATRAPALHADA

UMA SAÍDA ATABALHOADA E UMA POTÊNCIA ATRAPALHADA

O ÚLTIMO HOMEM A DEIXAR CABUL: O MAJOR-GENERAL CRHIS DONAUE, COMANDANTE DA 82ª DIVISÃO AEROTRANSPORTADA AMERICANA, NA NOITE DE 30 DE AGOSTO DE 2021.

Assistimos, em vivo e em direto, ao longo da última semana de agosto de 2021, à atabalhoada saída dos Americanos do Afeganistão. As dramáticas cenas de miles de pessoas, no aeroporto de Cabul, tentando escapar, com as suas famílias, da volta dos Talibãs ao poder, não serão esquecidas tão cedo. Impressionaram-me, particularmente, duas cenas: a primeira, os centos de cidadãos afegãos que corriam ao lado do gigantesco cargueiro americano, prestes a decolar, com alguns homens encarrapitados na fuselagem da enorme aeronave. Ao levantar voo, o gigantesco avião fez cair por terra aqueles que tinham subido na parte externa (e que tiveram, com certeza, morte imediata). Era como se se fechasse para esses seres humanos a única porta de saída para a liberdade e a vida. A segunda cena que me chocou foi a do último soldado a abandonar o Afeganistão, o Major-General Chris Donahue (52 anos), Comandante da 82ª Divisão Aerotransportada dos Estados Unidos, abordando no escuro o avião militar que o levaria de volta à casa, junto com o seu fuzil e os seus homens. Imagem que, captada por câmara de visão noturna, deu uma feição de figura desencarnada indo para o outro mundo, como que simbolizando a fantasmagórica fuga americana de um país inexistente.

Centos de páginas e muitas horas de reportagem da TV serão divulgadas, via internet, acerca desses fatos. Muitas análises serão apresentadas, feitas por especialistas em ciência política e relações internacionais. Deveremos voltar, muitas vezes, sobre esses materiais informativos, a fim de aprofundar nas causas e consequências desses eventos, que já estão marcando a história mundial.

Somente pretendo, neste post, expor algumas reflexões que me têm acompanhado em face dos fatos acima lembrados. Destacarei aqui apenas três ideias. A primeira, o paralelo que se pode traçar entre a derrota americana no Afeganistão com as derrotas sofridas por Roma na sua luta contra os bárbaros, ao longo dos séculos I a IV da nossa era. A segunda, a complicada história do Afeganistão que sempre foi uma pedra no sapato (ou na sandália) de chefes de Potências em várias épocas da História, desde a Antiguidade pré-cristã até os dias de hoje. A terceira, a dificuldade do stablishment americano para gerir a maior máquina de guerra que a Humanidade já teve, em face dos conflitos regionais em que a grande potência americana se viu mergulhada, a partir do século XX.

I - Paralelo entre a derrota americana no Afeganistão com as derrotas sofridas por Roma na sua luta contra os bárbaros, ao longo dos séculos I a IV da nossa era.

Os Estados Unidos da América realizaram a sua independência no final do século XVIII e fortaleceram a sua democracia, ao longo do século XIX, num país-continente que chegou a 9,3 milhões de quilómetros quadrados, tendo consolidado o seu território, ao longo do século XIX, num cenário continental separado do resto do mundo por dois Oceanos, ao Leste e ao Oeste; por desertos áridos ao Sul e por vastas planícies congeladas ao Norte, contando com aproximadamente 13 milhões de habitantes em 1830, conforme destacou Alexis de Tocqueville (1805-1859) na sua obra Da democracia na América. O Império Romano, por sua vez, solidificou as suas instituições num vasto cenário de 4,1 milhões de quilômetros quadrados, situado, segundo a descrição feita por Edward Gibbon (1737-1794) em Declínio e queda do Império Romano (1787) num imenso retângulo que tinha mais de três mil quilômetros de largura, ("desde o muro de Antonino e os limites setentrionais da Dácia até o Monte Atlas e o trópico de Câncer") e 4800 quilômetros de comprimento (do Oceano Atlântico até o rio Eufrates), num imenso cenário que abrigava 70 milhões de habitantes, equivalentes a 21% dos habitantes da Terra, no período de esplendor do Império (três primeiros séculos da nossa era) [cf. Gibbon, 2005: 52].

A semelhança da luta de uma grande potência contra “inimigos invisíveis” não é de hoje. O Império Romano, na sua decadência, viu-se às voltas com esse tipo de “guerra assimétrica”, que tantas dores de cabeça provocou nos últimos Imperadores como o estoico Marco Aurélio (121-180), que nos legou os seus Pensamentos, escritos na tenda de campanha entre uma batalha e outra contra os Germanos. Era o confronto entre os dois princípios que François Guizot (1787-1874) definia como a “liberdade bárbara” e a “ordem romana”. Lembremos que, da luta encarniçada de séculos entre esses dois princípios dialéticos, segundo Guizot, surgiu a unidade europeia [cf. Guizot, 1864]. Os Romanos foram civilizando os Bárbaros, mediante a reeducação destes em duas grandes frentes: a catequese e os parlamentos.

Da primeira tarefa se desincumbiu inicialmente o Imperador Teodósio (347-395), com a adoção do Cristianismo como Religião de Estado e a sua difusão pelos quatro cantos do vasto Império. Foi de Teodósio, aliás, a alcunha de “católico” (ou seja, para todos) que conferiu ao Cristianismo imperial, segundo o Edito de Tessalônica (380). Essa tarefa evangelizadora foi acelerada, na alta Idade Média, com invejável eficiência, pelo Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos Magno (742-814), quem, disléxico, acelerou a catequese mediante a utilização de imagens em vitrais, que ornavam as antigas catedrais góticas e as igrejas, as quais foram pululando como núcleos civilizatórios ao longo do Império Carolíngio. Carlos Magno se antecipou, muitos séculos atrás e genialmente, ao atual ensino audiovisual na mídia eletrônica. Outro mecanismo civilizatório do Império Romano foram os parlamentos que o Imperador concedia aos bárbaros que com ele negociassem, como foi o caso do velho Parlamento de Arles, na antiga Gália. O Império não partiu para uma estratégia de tudo o nada, que visasse a aniquilação do inimigo. Partiu para uma lenta “assimilação cultural”, da qual emergiu a civilização medieval da Europa Cristã, na trilha da “nova missão” que a Igreja recebera à luz da meditação teológica de Santo Agostinho de Hipona (354-430), segundo o qual a Igreja estava chamada pela Providência, não a virar estamento burocrático do Império, mas à missão de converter os Bárbaros, evangelizando-os.

Uma semelhança e uma diferença paradoxal saltam à vista da visão conjunta sobre os dois Impérios, o Americano e o Romano: ambos começaram a sua caminhada rumo ao domínio do Mundo, a partir de experiências republicanas. Os Romanos fizeram as principais conquistas ao longo do período da República Aristocrática que antecedeu ao Império. Os Americanos nasceram como República Democrática mas, a partir dessa sua organização inicial, viram-se colocados, pela História, na conjuntura de agirem como Império, embora pela sua natureza democrática não tivessem experiência, nem aspirassem ao tipo de dominação imperial que outras potências (como a Espanha e o Reino Unido) historicamente tiveram. Esse paradoxo é ressaltado por Raymond Aron (1905-1983) da seguinte forma, na sua obra intitulada: A República Imperial - Los Estados Unidos en el mundo (1945-1972) : "Pela primeira vez na história (assim se expressavam os comentaristas no segundo Pós-Guerra) uma república elevou-se ao primeiro patamar sem ter aspirado à glória de reinar. Como preço da sua vitória, teve de se fazer cargo da metade do mundo, garantir a segurança dos europeus - débeis demais, ainda, para se defenderem por si sós - e se interessar por regiões inteiras do planeta que estavam ao borde do caos"" [Aron, 1976: 16].

II – A complicada história do Afeganistão.

Lembro, aqui, o que escreveu desse país Alexis de Tocqueville (1805-1859). Tratando da invasão da Índia por terra, hipótese acalentada por Napoleão (1769-1821) para derrubar o império colonial inglês na Ásia, o pensador francês considerava que seria muito difícil invadir a península da Índia, pois para isso, tropas ocidentais deveriam entrar pelo Afeganistão, país inóspito, cheio de perigosos desfiladeiros e vales profundos, perfeitamente controlados por tribos guerreiras que conheciam palmo a palmo o terreno, e onde as constantes rixas tribais dificultavam qualquer empreendimento.

É muito interessante, aliás, a descrição que das várias regiões afegãs oferece Tocqueville no breve ensaio intitulado: Afghans, que insere no seu trabalho sobre a Índia, de 1842 [cf. Tocqueville, 1962: 498-500]. O nosso autor lembra as dificuldades que tiveram de enfrentar nessa região os vários invasores ao longo dos séculos, desde Alexandre da Macedônia (356-323 a.C.). Ora, essas dificuldades foram experimentadas, posteriormente, pelos Ingleses no século XIX e pelos Soviéticos no século XX (1979-1989).

Acerca das características sociológicas desse povo, escreve Tocqueville no seu ensaio: “Os Afegãos integram uma confederação irregular de tribos ou clãs separados. Cada clã forma uma espécie de república aristocrática no seio agitado da qual impera um tipo de liberdade selvagem, misturada, como todas as liberdades deste tipo, a muita opressão e a desordens. Esses clãs, cujos chefes são tanto hereditários quanto eleitos, chamam-se Khans e amiúde fazem a guerra entre eles. No meio e ao redor deles encontram-se as principais cidades tais como Cabul, Ghazni, Kandahar e os vales que as rodeiam. As cidades e esses vales não pertencem, propriamente, a nenhum clã e se encontram, mais diretamente, sob o governo do rei. Tudo isso, diz com propriedade o historiador escocês Montstuart Elphinstone (1779-1859), se assemelha muito à Escócia da Idade Média. À testa de todos esses clãs encontra-se um rei e a confederação é partilhada por muitos. Esses príncipes têm uma autoridade contestada amiúde e sempre precária, e governam um pouco sob a tolerância dos principais Khans. O Afeganistão deve ter sido e é, de fato, o teatro de um grande número de revoluções” [Tocqueville, 1962: 498-499].

Alexandre, ao conquistar a Pérsia, submeteu também a Província Bactriana, que coincidia com o que é o Afeganistão. Era, como hoje, uma região inóspita situada nas estribações do Himalaia e constituía o caminho para chegar à Índia, pelo vale onde se situa Cabul. Alexandre, para dominar as tribos afegãs, fez com que os seus legionários macedônios casassem com mulheres nativas e providenciou a fundação de várias cidades em sua homenagem, como Alexandria de Aracósia (Kandahar) e Alexandria Ariana (Herat). Ele próprio casou-se com a bela princesa Roxana (347-310 a.C), cujo nome significava "estrela luminosa", filha de Oxiartes, irmão do Rei dos Persas, Dário, e Sátrapa da região. Da repercussão positiva que teve o casamento real entre as lideranças locais, deu testemunho Plutarco com as seguintes palavras: "Quanto ao casamento com Roxana, só o amor foi seu móvel. Conheceu-a num festim, em casa de Cortano, e apaixonou-se pela sua beleza e seus encantos. Essa ligação pareceu bastante conveniente ao estado presente dos negócios: inspirou aos bárbaros muito maior confiança em Alexandre; passaram a estimá-lo, vendo-o seguir tão rigorosa continência que só se aproximou da única mulher pela qual se apaixonara em virtude de legítimo casamento" [Plutarco, 2001: 108].  Da união com Roxana, Alexandre teve um filho, herdeiro do seu vasto império, Alexandre IV (323-310 a.C). No tumultuado processo de sucessão de Alexandre o Grande, após a sua morte, Roxana e Alexandre IV foram assassinados por ordem de um dos generais macedônios, Cassandro (350-297 a.C).

Para Davide Montingelli, bacharel em ciências políticas pela Universidade de Milão, Alexandre “ofereceu à população uma alternativa tangível de estabilidade, segurança e desenvolvimento econômico. (...) Ele se adaptou ao tipo de guerra irregular assimétrica que se apresentava a ele na região” [Montingelli, 2021].

III- A dificuldade do stablishment americano para gerir a maior máquina de guerra que a Humanidade já teve, em face dos conflitos regionais em que a grande potência americana se viu mergulhada a partir do século XX.

Referir-me-ei, aqui, à lúcida análise feita por Henry Kissinger (1923-), recentemente publicada pela revista inglesa The Economist e replicada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Antes de resumir as ideias do ex-secretário americano de origem judaica, lembremos um fato que os experts têm levado em consideração: o enorme crescimento da burocracia dos Conselheiros da Segurança Nacional nos Estados Unidos. Dizem essas fontes que hoje há um comitê de análise dos fatos que chega à casa dos centos de analistas (alguns falam em 800 pessoas). Ora, um comitê desse tamanho não é comitê coisa nenhuma, é uma assembleia em que todo mundo bate cabeça.

Napoleão Bonaparte (1769-1821), antes de virar Imperador, viu-se às voltas, quando Primeiro Cônsul, em 1799, com um desses “comitês” assembleísticos, o “Conselho dos 500” (que os Franceses da época da Revolução de 1789 copiaram da “democracia” ateniense, que tinha uma espécie de “assembleia popular”, o chamado Boulé, com 500 participantes eleitos pelos vários demoi ou clãs). Napoleão, enviou o seu irmão Luciano Bonaparte (1775-1840), para que colocasse ordem nessa tumultuada Assembleia [cf. Vélez, 2004: 15-90]. Diante da balbúrdia que certamente degeneraria em anarquia, Napoleão mandou o exército entrar no recinto parlamentar, com a ordem de prender os dissidentes e rapidinho colocou ordem na sala, obrigando o Conselho dos 500 a acatar as ordens do Primeiro Cônsul [cf. Thiers, 1845, I: 426]. Uma cena explícita do que Oliveira Vianna (1883-1951) denominava de “autoritarismo instrumental” [cf. Vélez, 1997: 181-187].

Em face da intervenção em solo afegão que já durava 20 longos anos, os centos de “experts” do governo americano reuniram-se, discutiram longamente e bateram cabeça, não tendo encontrado uma solução palatável. A consequência imediata dessa falta de estratégia foi a derrota antecipada das forças afegãs treinadas pelos Estados Unidos para o corrupto governo do presidente Ghani, que fugiu para o Uzbequistão quando observou o avanço do inimigo sobre a capital. A revista britânica The Economist sintetizava, em meados de agosto de 2021, a derrota estratégica dos Estados Unidos da seguinte forma: “(...) Como um governo com 350 mil soldados treinados e equipados pelos melhores exércitos do mundo entra em colapso tão rapidamente? Em 1975, o exército do Vietnã do Norte, apoiado por uma superpotência, levou meses para avançar pelo Vietnã do Sul, lutando arduamente pelo território. O Taleban, que se acredita não ter mais do que 200 mil soldados, armados, em sua maioria, com equipamentos que confiscaram de seus inimigos, tomou todos os centros urbanos do Afeganistão em pouco mais de uma semana, geralmente sem muita resistência. A resposta parece ser que, o que eles não têm em força, compensam em inteligência, determinação e perspicácia política. No ano passado, diplomatas em Doha esperavam que o Taleban pudesse ser obrigado a negociar com o governo de Ghani para concordar com algum tipo de pacto de divisão de poder. Os rebeldes evidentemente perceberam que seria mais vantajoso negociar com os subordinados de Ghani, cidade por cidade, e, desse modo, simplesmente puxar o tapete debaixo dele. O que significa a tomada do Afeganistão pelo Taleban? Apesar de todas as suas promessas de mostrar misericórdia pela vitória, poucos entre aqueles da elite intelectual do país estão tranquilos. Depois que os taleban tomaram Spin Boldak, uma cidade na fronteira com o Paquistão que estava entre as primeiras a ser conquistada no fim de julho, relatos confiáveis surgiram rapidamente, depois, sobre dezenas de apoiadores do governo sendo massacrados” [The Economist / O Estado de S. Paulo, 2021: 3A].

A respeito da derrota dos Americanos pelos Talibãs, escreve Kissinger: “O que se negligenciou foi uma alternativa concebível, combinando objetivos alcançáveis. A contra insurgência poderia ter se reduzido à contenção, e não à destruição, do Taleban. E o curso político-diplomático poderia ter explorado um dos aspectos especiais da realidade afegã: o fato de os vizinhos do país – mesmo quando adversários uns dos outros e, ocasionalmente, dos EUA – se sentirem ameaçados pelo potencial terrorista do Afeganistão. Teria sido possível coordenar alguns esforços comuns de contra insurgência? É verdade que Índia, China, Rússia e Paquistão costumam ter interesses divergentes. Uma diplomacia criativa poderia ter destilado medidas comuns para superar o terrorismo no Afeganistão. Essa estratégia é a forma como o Reino Unido defendeu as abordagens territoriais à Índia em todo o Oriente Médio por um século, sem bases permanentes, mas com prontidão constante para defender seus interesses, junto com apoiadores regionais ad hoc. Mas essa alternativa nunca foi explorada. Depois de fazer campanha contra a guerra, os presidentes Donald Trump e Joe Biden empreenderam negociações de paz com o Taleban, com cuja extirpação os EUA haviam se comprometido, induzindo aliados a ajudá-los, 20 anos atrás. Tudo isso agora culminou no que equivale a uma retirada incondicional dos EUA por parte do governo Biden”.

Resumindo: os “experts” tentaram simplificar as coisas numa dialética de “tudo ou nada”, de destruição total dos talibãs e instituição de uma democracia à la americana no Afeganistão, deixando de lado uma saída mais palatável: buscar um consenso diplomático entre os aliados americanos e os vizinhos do Afeganistão (como a China), que centraria esforços numa política de eliminação de riscos de insurgência, deixando de lado a “conversão” do Afeganistão numa democracia ocidental. Esse pequeno de talhe, a utilização da tradicional diplomacia para frear o terrorismo, foi deixado de lado por Trump e por Biden (como também tinha sido deixado de lado esse detalhe estratégico pelos soviéticos na sua ocupação do Afeganistão no período 1979-1989), tendo desagradado a amigos e inimigos. Trocado em miúdos: a solução da problemática afegã, para os Americanos, teria sido mais simples, se tivessem escutado as lições da história em face desse país, apresentadas pelo exemplo de Alexandre o Grande (que levou em consideração os interesses das tribos afegãs), na Antiguidade, e pelo Império Britânico nos tempos modernos.

Recordemos, para terminar, que em algum momento, durante os 20 anos de guerra no Afeganistão, os americanos chegaram a pensar numa saída negociada, como a que o Presidente Alvaro Uribe Vélez tinha costurado com as FARC na Colômbia entre 2002 e 2007) [cf. Vélez, 2010], mantendo controlados os mais exaltados talibãs mediante intervenções certeiras e pontuais. Os americanos se louvaram da experiência do exército colombiano na guerra em vales profundos contra forças guerrilheiras, com a utilização da estrela em bombardeios rápidos: o avião Tucano B-29, que a Embraer fabricava na Flórida [cf. Defesanet, 2015]. A solução negociada, no entanto, foi esquecida e passou a prevalecer a estratégia de “tudo ou nada” que conduziu à atabalhoada saída do Afeganistão das forças americanas.

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